terça-feira, 22 de março de 2016

O amor acabou, mas o Temer segue firme

Estava pensando cá com meus botões...

Realmente estamos em um momento difícil. Se correr, o bicho pega. Se ficar, o bicho come. Não dá pra defender o governo do PT, não dá pra defender a oposição à direita – PSDB, DEM, PP... – (porque existe a oposição à esquerda, é bom lembrarmos e essa dá pra defender) e, menos ainda, dá pra defender o híbrido PMDB que consegue ser base e oposição ao mesmo tempo (!).

Hoje li a notícia de que Michel Temer, o vice-presidente-aparentemente-amargurado (quem se lembra da cartinha?), deverá se reunir com o Lula para anunciar (eu me pergunto e te pergunto: por que se reunir com Lula e não com Dilma?) a saída de vez de seu partido do governo. A decisão do PMDB deve ser oficializada, ainda segundo as notícias correntes, no próximo dia 29, quando ocorrerá a convenção do partido.

O PMDB tem a desfaçatez de "anunciar" que o governo afundará
"sozinho". Agora, pergunta se o Temer vai sair também do governo? Em caso de impeachment quem acha que ele vai virar e dizer "eu não tenho mais nada a ver com isso"? Não. Ele anunciará a saída do PMDB de toda base do governo, mas se manterá vice-presidente, num compromisso com a nação. Deu até vontade de chorar. Opa, passou a vontade.

Ao mesmo tempo, assistimos ao cinismo, paralisia e cumplicidade do PT que desde 2013 (pelo menos) ouve de militantes de base a necessidade de romper com o PMDB. Para o PT, porém, vigorava a máxima "ruim com ele, pior sem ele". E o partido precisa de maioria no Legislativo para manter a tão proclamada governabilidade.

Mas, precisa mesmo de maioria, de ampla base aliada, para aprovar leis como a Lei 13.260/2016 (Antiterrorismo – essa lei merece um post só pra ela)? Ou para aprovar leis que dificultam a aposentadoria, que limitam o acesso ao seguro desemprego? Precisa, mesmo, de uma base de apoio comprometida com o governo para impedir a tramitação de medidas de demarcação de terras indígenas e quilombolas? Precisa de base aliada para ampliar os subsídios à agricultura de exportação – também conhecida como agronegócio. Aliás, sobre isso, gosto sempre de lembrar que é de exportação, porque quem produz a comida que comemos é a agricultura familiar.

Não é difícil chegar à conclusão de que não é necessário que o PT mantenha acordos escusos com o PMDB para aprovar esse tipo de pauta antipopular, porque o legislativo federal já faz isso por si só. Lá dentro temos a bancada da bala, a bancada ruralista e, infelizmente, a bancada religiosa juntas agindo para diminuir os direitos sociais e individuais. Para manter os privilégios de quem tem muito e quer ter cada vez mais. E agem porque foram eleitas para isso, financiadas por quem quer manter o status quo.

Daí vemos o PMDB arrotar arrogância, o PT calado, cúmplice de barbaridades e a gente numa situação terrível: sem ter quem apoiar, tentando gritar por justiça, tentando fazer com que não passem por cima da Constituição numa seletiva caça às bruxas... Bem, este assunto merece outro post.







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