quarta-feira, 4 de maio de 2016

Os "ministeriáveis" de Temer - breve currículo

Resolvi pesquisar um pouco os currículos dos indicados ou cotados para assumir ministérios em um eventual governo de Michel Temer. Sem mais delongas, porque alguns currículos exigem paciência, apresento a vocês poucos perfis técnicos e muitos perfis no mínimo questionáveis. Preparados?

Preferi não associar nenhum ministeriável diretamente às raposinhas... Por isso,
dessa vez, a imagem vai aqui em cima e não ao lado do texto.


Gilberto Cassab (PSD) – Comunicações

Ministro das Cidades no segundo governo Dilma. Foi prefeito de São Paulo duas vezes. Foi acusado de irregularidades quanto ao seu patrimônio que aumentou 316% mais que a inflação entre 1994 e 1998, quando era deputado estadual e secretário de Planejamento de Celso Pitta, ex-prefeito de São Paulo. De 1998 a 2008 o patrimônio declarado de Kassab passou de R$ 985 mil para R$ 5.107.628,31. Em 2004 foi determinada a quebra dos sigilos bancários de Cassab sob acusação de enriquecimento ilícito. Dois dias depois um desembargador derrubou a decisão. Em 2005, o Conselho Superior do MP de São Paulo arquivou o inquérito.

Também recaiu sobre ele suspeitas de financiamento ilegal de sua campanha para a prefeitura de São Paulo. Em fevereiro de 2010, chegou a ter seu mandato cassado, mas em maio do mesmo ano o TRE de São Paulo interpretou que não foi possível demonstrar irregularidades nas doações por falta de provas.

Em 2014 Kassab foi absolvido de outro processo que investigava a contratação irregular da empresa Controlar, que é responsável pela inspeção veicular na cidade de São Paulo. Ele era suspeito de ter reativado um contrato e proporcionado um prejuízo de R$ 1 bilhão aos cofres públicos.

Marcos Pereira (PRB) – Ciência e Tecnologia

Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, Pereira é advogado por formação. De 2003 a 2009 foi vice-presidente da Rede Record de Televisão. É dono atualmente de uma empresa de advocacia. Acredita (como todo cristão) na teoria do criacionismo e diz que respeita o darwinismo. É, no mínimo, curioso pensar em um religioso à frente da Ciência e Tecnologia.

Bruno Araújo (PSDB) – Cidades

Deputado federal pelo estado de Pernambuco. Advogado de formação, foi Araújo quem deu o voto 342 que autorizou o prosseguimento do processo de impeachment de Dilma Rousseff para o Senado. Antes de proferir o voto, cantava chorando "Eu sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor". É presidente do PSBD em Pernambuco.

José Serra (PSDB) – Relações Exteriores

Atualmente Senador por São Paulo, José Serra já foi prefeito e governador de SP. Foi perseguido político pela ditadura de 64. Economista de formação, Serra foi ministro do Planejamento e da Saúde nos governos de Fernando Henrique Cardoso. Tentou por duas vezes ser presidente da República. Foi derrotado por Lula (2002) e por Dilma (2010). 

Em 2009 o site Wikileaks vazou uma correspondência entre Serra e executivos de duas petrolíferas norte-americanas: a Chevron e a Exxon. Serra prometia mudar as regras de exploração do pré-sal brasileiro para beneficiar empresas estrangeiras. O assunto, porém, foi deixado de lado com a reeleição de Lula. Em 2015, José Serra, então senador, finalmente apresenta o PLS 131 que estabelece participação mínima da Petrobras no consórcio de exploração do pré-sal.

No início deste ano, Serra foi acusado de manter uma funcionária fantasma em seu gabinete. Margrit Dutra Schmidt é irmã da jornalista Miriam Dutra, que teve um romance com FHC. Margrit nunca teria comparecido ao trabalho e nem é conhecida pelos seus colegas de gabinete. Serra "esclareceu" que os assessores não a conhecem porque ela trabalha de casa e que não poderia revelar a natureza de seu trabalho porque se trataria de um projeto sigiloso na área da educação. A prática de trabalhar de casa é vetada pelo Senado.

Serra também está envolvido em escândalo das licitações do transporte público de São Paulo. Serra combinaria previamente os preços dos vencedores e perdedores das licitações para aquisição de equipamentos e serviços ferroviários. Ele teria assinado contratos fraudulentos junto com outros governadores de São Paulo ligados ao PSDB entre 1998 e 2008.

Raul Cutait (indicado pelo PP) – Saúde

Cirurgião gástrico no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo,  e professor da Faculdade de Medicina da USP, Cutait primeiro sinalizou positivamente à indicação do Partido Progressista para ocupar a pasta da Saúde. Mas, notícias mais recentes dão conta de que ele voltou atrás na decisão. Segundo a alegação do médico, o PP não aceitou que ele escolhesse os profissionais da área técnica do ministério. Ao perceber que não teria autonomia no comando da pasta, Raul Cutait resolveu negar o convite. O médico não tem filiação político-partidária.

Mendonça Filho (DEM) – Educação

Administrador por formação, Mendonça Filho é atualmente deputado federal por Pernambuco. É considerado um gestor público "moderno e arrojado". Foi governador de Pernambuco em 2006, quando assumiu a vaga de Jarbas Vasconcelos (PMDB). É apoiador de Eduardo Cunha na Câmara e líder do DEM na Casa.

Henrique Eduardo Alves (PMDB) – Turismo

Foi presidente da Câmara entre 2013 e 2015. Foi ministro do Turismo no segundo mandato de Dilma de abril de 2015 a 28 de março desse ano. Deixou o governo com a leva de ministros do PMDB. É um dos proprietários da TV Cabugi, afiliada da Rede Globo no Rio Grande do Norte; da Rádio Globo Natal; da Rádio Difusora de Mossoró e do jornal Tribuna do Norte, do qual é presidente.

Foi citado na Lava-Jato pelo doleiro Alberto Youssef e é investigado pelo Ministério Público Federal. Já teve sua casa revistada em mandados de busca e apreensão pela Polícia Federal.

O procurador geral da República, Rodrigo Janot, pediu ontem (3 de maio) a abertura de mais um inquérito contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e contra Henrique Eduardo Alves. Dessa vez, correspondências indicariam doações ilegais de campanha e favorecimentos (por meio de medidas provisórias e projetos de lei) ao Grupo OAS e ao banco BTG.

Geddel Vieira Lima (PMDB) – Secretaria de Governo

Outro investigado pela Operação Lava-Jato, Geddel Vieira Lima foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal. Foi ministro da Integração Nacional do governo Lula. Na época, destinou 90% das verbas liberadas de seu ministério para a Bahia e foi investigado pelo Tribunal de Contas da União. Foi acusado de favorecimento,mas o então presidente Lula desmentiu as acusações.

Na Lava-Jato é acusado de favorecer a OAS em várias frentes, seja pedindo dinheiro à empreiteira para campanhas de aliados – que mais tarde devolveram em obras os valores investidos pela OAS – ou fazendo lobby para aprovação de projetos de lei que beneficiassem a empreiteira.

Geddel Vieira Lima também foi citado em outro escândalo, o dos "Anões do Orçamento", descoberto em 1993. O esquema era realizar emendas orçamentárias para entidades sociais fantasmas. Também havia empreiteiras atuando no desvio de verbas. O esquema era comandado pelo então deputado José Alves, que ganhou 56 vezes na loteria somente no ano de 1993.

Romero Jucá (PMDB) – Planejamento

Jucá é o braço direito do vice-presidente Michel Temer. É investigado pela Lava-Jato também por envolvimento nos esquemas de corrupção e fraudes na Petrobras. É economista de formação. Foi nomeado ministro da Previdência Social em 2005, pelo então presidente Lula, mas foi exonerado dias depois por suspeita de corrupção com empréstimos bancários irregulares. No ano seguinte, foi escolhido por Lula para ser líder do governo. Ocupou o cargo também no primeiro governo de Dilma. 

Outra investigação de esquemas de corrupção, a Operação Zelotes também abriu inquérito para apurar suposto envolvimento de Jucá e Renan Calheiros com a venda de emendas e medidas provisórias sobre o setor automotivo.

Enquanto presidente da Funai (1986-1988), autorizou ilegalmente a extração de madeira em terra indígena. Aumentou o número de funcionários da Funai de 3.300 para 4.200 somente na cidade de Recife, quando houve intervenção do Tribunal de Contas da União por irregularidades financeiras no órgão.

Ainda enquanto presidente da Funai, Jucá foi quem mais demarcou territórios ianomâmis, realizando frequentes reduções nos seus tamanhos. O Parque Yanomami teve sua área diminuída em 75%.

Henrique Meirelles – cotado para o Ministério da Fazenda

Executivo do setor financeiro nacional e internacional, Meirelles foi presidente do Banco Central no governo Lula. Foi o primeiro presidente do BC a ter status de ministro. É membro de conselhos de diversas empresas, dentre elas a Azul Linhas Aéreas. É atribuída à sua gestão a redução da inflação e a redução na taxa de juros do Brasil, em 2009, ao menor nível da história.




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