quinta-feira, 21 de abril de 2016

O que tem de mais em ser recatada?

Detesto fazer propaganda de qualquer coisa, mas em certos momentos é inevitável. Aquele velho ditado: "Falem mal, mas falem de mim" é tudo que os meios de comunicação desejam para continuar vendendo e dando audiência.

Mas... preciso falar da revista Veja (cospe!).

Aliás, antes de começar a falar sobre a revista, preciso falar
sobre Marcela Temer. A "quase primeira dama" "bela, recatada e do lar". Gente, não há nada de errado em QUERER ser isso. Criticar mulheres que querem ser bonitas, que querem ser quietinhas, que querem ficar em casa criando os filhos, que querem alisar os cabelos quando estes são cacheados, que querem se maquiar ou que querem qualquer outra coisa não é um bom caminho. 

Nós, que lutamos tanto pelo direito à escolha, não podemos apontar o dedo e dizer que Fulana, Beltrana e Cicrana estão erradas porque escolheram um caminho diferente do nosso. A máxima de que "lugar de mulher é onde ela quiser" tem que valer para todos os espaços. Para o bar, para o puteiro ou para o lar. Ou seja, Marcela Temer não é o meu alvo e não deve ser o alvo de ninguém, principalmente de outras mulheres.

Qual o problema, então, da matéria de Veja (cospe de novo!)? Já que a Sra. Temer pode ser "bela, recatada e do lar", encerram-se as críticas à revista. Certo? Errado! Totalmente errado!

O grande problema da matéria – escrita por uma mulher, mas pautada sabe-se lá por quem – é enaltecer um "modelo" a ser seguido por todas as mulheres. Cheira ao guia de como ser uma boa esposa, de 1955. O mundo, na década de 1950, queria aquele modelo de mulher, que fica em casa, que recepciona o marido, que o mantém feliz e seguro depois de um dia de cão, que não fala antes dele, que ouve atentamente suas queixas e que não pode reclamar nem mesmo se ele dormir fora. Não é um primor?

O tal guia termina dizendo que "uma boa esposa sabe o seu lugar". E parece que Veja (cospe, cospe, cospe!) relega a Marcela Temer, "a Mar do Mi", essa posição. Marcela "sabe" que seu lugar não é ao microfone, em cima de um palanque. "Sabe" que o seu lugar é o da "grande mulher atrás de um grande homem". O problema é esse! As inferências que a revista faz sobre a Marcela. E a exaltação do modelo a ser seguido.


É isso que não pode! Mulher deve ter liberdade para ser o que ela quiser, para fazer, ou não fazer, o que ela quiser. Conforme seus interesses, convicções, crenças. E ninguém tem absolutamente nada a ver com isso! Eu não posso ser tomada como modelo de mulher a ser seguido, nem minhas amigas, nem as que não são minhas amigas. Cada mulher é única e não deve ser questionada por suas escolhas. Cada uma sabe o que é melhor para si. É neste lugar que reside o protagonismo.

A crítica é à revista. Esta, sim, machista, conservadora, que trata a mulher como um objeto de decoração. Um bibelô. O vice decorativo teve sua esposa transformada também em artigo de decoração. Decoração dele próprio e, quem sabe, do Palácio do Planalto. 

Marcela Temer foi alçada ao hall daquilo que as mulheres devem ser. Daquilo que o país deseja como primeira-dama. 
E isso, Veja, nós não vamos engolir!!!

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