sábado, 16 de abril de 2016

Rede Globo: nem fatos, nem objetividade

A mesa de encerramento do ciclo de debates sobre a imprensa e a cobertura do processo de impeachment, realizado  no dia 12 de abril, contou com a presença da professora Consuelo Lins, da Escola de Comunicação da UFRJ. Ela apresentou algumas gravações e uma breve análise do Jornal Nacional e do Fantástico no período do vazamento dos grampos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff. 


Ontem, foi ao ar o debate sobre a TV brasileira, seu processo de constituição e sua ligação direta com os políticos nacionais. Leia aqui.


Professora Consuelo Lins. Foto: Silvana Sá
Consuelo demonstrou a construção da notícia nos telejornais. Para ela, não há fatos e muito menos objetividade no que é transmitido pela Rede Globo, ao menos o que se refere ao cenário político-econômico nacional.

A série foi gravada pela professora de 12 a 19 de março. A primeira gravação, do dia 12, mostrou uma longa edição do JN “sem se basear em fatos concretos”, apenas na delação de Delcídio do Amaral. A docente criticou a postura dos apresentadores do Jornal Nacional: “Por duas vezes, a gente tem a afirmação da objetividade jornalística, (conceito) que é questionado há muitos anos, já que inexiste essa objetividade”, afirmou a professora.

O Fantástico do domingo (13) começa explorando as manifestações pró-impeachment. Por mais de cinco minutos são mostradas imagens de vários estados brasileiros com a clara intensão de construir uma sensação de unanimidade junto ao público telespectador. 

Quando são divulgados os grampos, no dia 16, a docente observou que o único diálogo que vai ao ar é o de Lula e Dilma. Todo o restante do conteúdo é “lido e interpretado” pelos âncoras William Bonner e Renata Vasconcellos. Nos dias seguintes, os mesmos diálogos lidos pelos âncoras são colocados diretamente no ar. “O tempo todo é repetida a ideia de que os grampos eram legais e que sua divulgação não infringia a lei. Isto remete ao que o Henrique (Antoun) nos falou sobre a necessidade de convencer que o que não existe é real”. Relembre aqui.

Ela falou ainda da diferença de abordagem entre os manifestantes que são contrários e os que são favoráveis ao impeachment. “Toda essa multiplicidade de estratos no Brasil é reduzida a uma luta entre personagens-tipo. É o tipo psicossocial. É o 'militante' do PT, 'a favor da roubalheira' e que vai para a rua defender o governo. E o indivíduo 'livre', de verde e amarelo, que vai para a rua defender a saída do governo”.


Assista pelo Youtube o vídeo completo do debate ocorrido na Casa da Ciência da UFRJ. O áudio tem um pequeno problema, mas passa a funcionar nos seis minutos de gravação. A atividade foi promovida pela ECO/UFRJ em parceria com a Seção Sindical dos Docentes da UFRJ.

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